Ilustração de Laura Wood |
As coisas mais simples, ouço-as no intervalo
do vento, quando um simples bater da chuva nos
vidros rompe o silêncio da noite, e o seu ritmo
se sobrepõe ao das palavras. Por vezes, é uma
voz cansada que repete incansavelmente
o que a noite ensina a quem vive; de outras
vezes, corre, apressada, atropelando sentidos
e frases como se quisesse chegar ao fim, mais
depressa do que a madrugada. São coisas simples
e frases como se quisesse chegar ao fim, mais
depressa do que a madrugada. São coisas simples
como a areia que se apanha, e escorre por
entre os dedos enquanto os olhos procuram
uma linha nítida no horizonte; ou são as
uma linha nítida no horizonte; ou são as
coisas que subitamente lembramos, quando
o sol emerge num breve rasgão de nuvem.
Estas são as coisas que passam quanto o vento
Estas são as coisas que passam quanto o vento
fica; e são elas que tentamos lembrar, como
se as tivéssemos ouvido, e o ruído da chuva nos
se as tivéssemos ouvido, e o ruído da chuva nos
vidros não tivesse apagado a sua voz.
Nuno Júdice, "Poema", in As coisas mais simples, D. Quixote, 2007, 2ªed., p.25
Nuno Júdice, "Poema", in As coisas mais simples, D. Quixote, 2007, 2ªed., p.25
Sem comentários:
Enviar um comentário