segunda-feira, junho 22, 2020

Jessie - 3º prémio de Escrita Criativa


Eu, Carla ou mais conhecida por Bailarina do nº8, fui visitar a minha filha, as minhas duas netas e o meu novo genro, na sua casa nova na Caparica. Quando cheguei lá descobri que o Gabriel (namorado da minha filha) não estava em casa e tinha ficado preso em Itália numa viagem de negócios, devido a uma nova pandemia por causa de um novo coronavírus, e por normas de segurança ele não podia voltar para casa. Então a minha filha pediu-me ajuda com as crianças e que eu ficasse pelo menos mais uma semana na sua casa. Aceitei, pois não via as minhas netas há muito tempo e queria matar saudades.
    Comecei por ajudar a minha filha e quando acabei as tarefas decidi levar as minhas netas a brincar lá fora, levámos as bicicletas e fomos dar uma volta à Costa de Caparica. Como não estava muito frio também levámos os fatos de banho para mais tarde ir à praia. O dia estava a ser fantástico, comprámos gelados, fomos ao parque e por fim fomos à tão esperada praia. Deviam ser umas 19:00 horas quando chegámos, mas não havia problema porque o sol ainda estava bem alto.
Enquanto estava distraída com o mar, as minhas netas aproximaram-se de um cão. Se não me engano era um Bulldog francês (não vejo muito bem e os óculos tinham ficado em casa). Tive um ataque de pânico na hora, levantei-me depressa, peguei- as ao colo e afugentei o cão, porque quando era pequena aconteceu-me exatamente o mesmo só que o final da minha história foi diferente, enquanto o delas foi continuar na praia e ir à água, o meu acabou num hospital com o braço a sangrar.
Passado um bocado decidi arrumar as coisas e voltar para casa, já estava a ficar tarde e a mãe delas já me tinha telefonado a dizer que o jantar estava pronto.
No dia seguinte, fiz as mesmas tarefas do dia anterior, só que desta vez também tive que aturar uma ou duas birras entre a Sofia e a Rita (as minhas netas). Despachei rapidamente o assunto ameaçando não irmos á praia se continuassem a discutir. No final do dia, como elas se portaram “bem” (como quem diz), levei-as á praia.
Mais tarde, quando eu e as minhas netas estávamos a relaxar na toalha aquele tal cão apareceu, mas desta vez o meu instinto não foi afastá-lo, mas sim aproximar-me. O cão parecia estar cheio de fome e muito triste, fui buscar uma sandes á lancheira e fiz sinal ao cão para vir buscá-la. Quando se começava a aproximar percebi duas coisas: tinha coleira, o que fazia entender que tinha dono e se tinha perdido, e não era um cão mas sim uma cadela.
A cadela deitou-se na toalha comigo e, de uma maneira muito subtil e delicada, tirei-lhe a coleira e li o que dizia em voz alta pois as minhas netas estavam tão curiosas quanto eu acerca do nome dela:
   - Jessie.
Brincámos com ela toda a tarde até que chegou a hora de ir embora. Parecia que a Jessie percebia o que estava a acontecer, pois começou a chorar. Não podia deixá-la ali sozinha à noite. Então telefonei à minha filha a explicar a situação e a pedir que ficássemos com ela só aquela noite. Ela não pôde dizer que não, tinha o coração tão mole como o da sua mãe.
Quando chegámos a casa, a minha filha foi logo ver como era o cão e como era o seu comportamento, percebeu que o cão era amável, carinhoso e não faria mal ás crianças mas mandou-me logo ir à loja de animais comprar gel de banho, ração, trela, cama, tigelas e brinquedos, levei o carro da minha filha e rapidamente cheguei ao local. Comprei tudo de que precisava, não exagerei na quantidade pois não sabia quanto tempo o cão ficaria lá.
Quando cheguei a casa levei logo um discurso da minha filha a dizer que o cão era minha responsabilidade e eu é que o levaria a passear e se ele fizesse necessidades era eu que tinha que limpar. Depois da longa conversa mandou-me ir dar banho ao cão. Como eu já tinha tido um cão, achei que seria fácil…Bem, eu estava totalmente enganada, era água e espuma para todo o lado, mas pelo menos ela estava limpa. Depois de lhe dar banho e limpar a casa de banho fomos todos para a sala de estar e decidimos onde a Jessie ia dormir, acabámos por deixar que dormisse no quarto da Rita e da Sofia.
Passámos uma excelente noite e na manhã a seguir nem tivemos que acordar cedo pois o cão ainda dormia e eram 09:00 da manhã, liguei a televisão da cozinha e pus no telejornal, deparei-me com uma notícia sobre coronavírus. Estávamos em quarentena, fiquei com medo de não poder levar o cão a passear, mas depois descobri que ainda era permitido.
No dia a seguir, levei a Jessie a passear de novo mas desta vez tive que levar duas crianças atrás. Quando cheguei à praia reparei que ela estava vazia e fiquei abismada, mas lá no fundo agradecia porque queria dizer que as pessoas já estavam a perceber a gravidade da situação. Quando voltava para casa deparei-me com um cartaz a dizer “Cão desaparecido”. Comecei a ler as informações sobre o cão, era um Bulldog francês preto, chamava-se Jessie e tinha-se perdido dos donos quando estava a passear. Por baixo tinha um número de telefone do suposto dono. Olhei para a foto que estava no cartaz e percebi que era o mesmo cão. As minhas netas já sabiam ler e começaram a chorar dizendo para não o devolvermos.


Não sabia o que fazer, apontei o número do dono e voltámos para casa. Quando lá chegámos mandei as minhas netas para o quarto, elas contrariaram mas depois obedeceram. A minha filha e eu fomos para a sala com a Jessie, expliquei o que se tinha passado e a minha filha ficou muito triste. Apesar de não termos ficado muito tempo com o cão, já tínhamos um grande laço com ele, tomámos a decisão e chamámos a Rita e a Sofia. Depois de lhes contarmos houve muito choro, era triste mas era a escolha acertada, decidimos devolver o cão. Telefonei para o número que estava no cartaz e disse que tínhamos o cão, dei a morada e vieram rapidamente cá ter, tocaram à campainha e nós abrimos. Eram uma mãe e uma filha. Quando a Jessie as viu foi a correr, e nesse momento soubemos que tínhamos feito a escolha acertada. Convidámo-las a entrar, falámos durante um bocado mas já estava a ficar tarde e foi aí que começou outro choro, nós explicámos que a Jessie pertencia a outra família que a amava tanto ou mais que nós, elas disseram adeus e foram para o seu quarto a chorar, foi triste mas era o acertado.
No dia a seguir elas já estavam melhores, e tivemos a excelente notícia de que o Gabriel ia voltar. Quando chegou trazia uma caixa embrulhada, um presente para a Rita e para a Sofia. Quando abriram viram um cão, um Golden Retriever. Ficaram muitos felizes, fomos logo dar um passeio pela Costa de Caparica e reparámos num bulldog francês preto com uma mãe e uma filha, obviamente era a Jessie, que estava feliz com as suas donas e as minhas netas finalmente tinham percebido por que tivemos que devolver o cão. Para mim era um final feliz.

Catarina Afonso, Gabriel Matias e Rafael Silva (8ºA)

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